" Mas na profissão, além de amar tem que saber. E o saber leva tempo para crescer."
Rubem Alves

terça-feira, 5 de abril de 2011

Reunião de Pais

Quando a escola chama os pais para uma reunião, ela precisa se preocupar com o que vai ser discutido, deverá conversar com os envolvidos no processo (professores e funcionários) a fim de proporcionar um momento agradável e que sirva de demonstração de como é o dia-a-dia de seu filho.
Tudo deve ser previamente conversado e elaborado com critério.o
“Uma escola que proporciona bons momentos aos pais certamente proporciona dias felizes a seus filhos”.

Objetivos da reunião:
• Conquistar a confiança dos pais e maior participação destes em todos os momentos que for necessário.
• Discutir as dificuldades, as habilidades e a interação das crianças.
• Mostrar as atividades realizadas pelas crianças e relatar como foram realizadas (interesse e participação da criança).
• Discutir coletivamente as ações pedagógicas (metodologia e proposta pedagógica).
• Discutir ações conjuntas com os pais a fim de sanar as dificuldades das crianças com defasagem na aprendizagem ou problemas de saúde em geral.
• Discutir, sem agredir, os assuntos burocráticos da escola.
• Favorecer momentos de integração entre os pais, professores e funcionários em geral.
• Ser objetivo, claro e responsável ao pedir a colaboração dos pais em qualquer ação da escola.
“Uma escola deve ser atrativa e carinhosa sem deixar de ter atitudes profissionais para ganhar a confiança dos pais e alunos.”
Ações da escola:
Imagine que você realizará uma reunião ainda esta semana. Planeje todos os detalhes desde a chegada até a saída dos pais.
1. Elabore uma pauta para entregar aos pais no momento da reunião para que eles possam acompanhar.
2. Ofereça lápis e papel para que eles possam fazer anotações e melhor esclarecer suas dúvidas no momento oportuno.
Inicie a reunião convidando os pais para fazerem leitura de um pequeno poema.
3. Passe um texto para uma reflexão sobre o relacionamento pais-filho ou organize uma dinâmica de grupo em que todos os pais possam participar e estabelecer contato uns com os outros.
4. Reparta a reunião em três momentos diferentes:
Para discutir questões burocráticas e o que for de interesse de todos, recados em geral.
Momento dedicado para uma dinâmica que envolva todos os pais e alunos presentes.
Momento dedicado ao trabalho pedagógico em que os pais verão as atividades realizadas por seus filhos e conversarão com os professores sobre o seu rendimento, bem como aproveitarão para dar sugestões aos pais de como podem ajudar seus filhos nas tarefas, como acompanhar os avanços e as dificuldades, como lidar com a ansiedade ou a apatia do seu filho, com a preocupação excessiva ou o desinteresse etc.
Sugestão para a dinâmica:
Grupo: Esta dinâmica pode ser utilizada com pais de alunos de várias faixas etárias.
Objetivos: Desenvolver o raciocínio lógico, o sentido reflexivo e crítico, de tal maneira que possam tornar-se cidadãos conscientes de seus deveres e direitos.
Comparar diferenças e igualdades.
Tempo: aproximadamente 50 minutos.
Local: sala de aula ou uma sala grande.
Material: papel pardo, fita adesiva, música Peixe vivo, papel sulfite, lápis preto e de cor, borracha, giz de cera, tesourinha etc.
Desenvolvimento:
Faça o desenho de um aquário do tamanho de um papel pardo e fixe-o na lousa.
Coloque a música Peixe vivo para eles ouvirem e peça que cantem juntos…
Entregue aos pais um pedaço de papel sulfite (1/4) e peça-lhes que desenhem um peixinho, como desejarem… (coloque à disposição lápis preto e de cor, borracha, giz de cera, tesourinha etc.) e depois recortem.
Peça que, assim que terminem, vão à lousa e fixem seu peixinho no aquário.
Após todos fixados, peçam para que eles observem o que realizaram e manifestem o que entenderam sobre a atividade. Deixe-os à vontade para falar.
Se necessário, conduza a conversa para o lado da moral, da ética, do respeito às diferenças individuais.
Todos os peixinhos estão iguais?
Por que são diferentes?
Porque todos somos diferentes, temos gostos diferentes, habilidades diferentes, conhecimentos diferentes.
Todos os peixinhos estão indo para mesmo lado? Por quê?
Porque temos objetivos, metas e sonhos diferentes, caminhamos por caminhos diferentes, viemos de famílias diferentes etc.
Mas, apesar de todas essas diferenças, todos são iguais nas suas necessidades de sobrevivência.
Como podemos transferir essas idéias para a vida escolar?
O que o aquário representa?
Quem são os peixinhos?
Como convivermos, sabendo lidar com essas diferenças, em casa e na escola?
E assim por diante, de acordo com o retorno dos pais.
Conclusão:
As dinâmicas na sala de aula têm uma boa aceitação por parte dos pais e facilitam muito a relação escola-pais.
Final da reunião:
Não finalize a reunião sem antes perguntar aos pais se eles têm alguma sugestão para melhorar a escola e como podem fazê-lo.
Agradeça a participação e se possível não os deixe sair sem uma pequena lembrança desse dia.

Segue abaixo sugestões de textos para sua reunião:

A diferença
“Era uma vez um escritor, que morava numa praia tranqüila, junto a uma colônia de pescadores. Todas as manhãs ele passeava na beira-mar, para se inspirar, e de tarde ficava em casa escrevendo.
Um dia, caminhando na praia, ele viu um vulto que parecia dançar. Quando chegou perto, era um jovem pegando na areia as estrelas do mar, uma por uma, e jogando de volta ao oceano.
- Por que você está fazendo isso? Perguntou o escritor.
- Você não vê? – Disse o jovem.
– A maré está baixa e o sol está brilhando. Elas irão secar no sol e morrer, se ficarem aqui na areia.
- Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praia por esse mundo afora, e centenas de milhares de estrelas do mar, espalhadas pelas praias. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano, mas a maioria vai perecer de qualquer forma.
O jovem pegou mais uma estrela na areia, jogou de volta ao oceano, olhou para o escritor e disse:
- Para essa, eu fiz a diferença.
Naquela noite o escritor não conseguiu dormir nem sequer escrever. De manhãzinha foi a praia, reuniu-se ao jovem e juntos começaram a jogar estrelas no mar de volta ao oceano”
Sejamos portanto, mais um dos que querem fazer a diferença, dos que querem construir uma sociedade melhor.
Sejamos a diferença!
Autor Desconhecido


Girassóis e Miosótis
O girassol é flor raçuda,que enfrenta até a mais violenta intempérie acaba sobrevivendo.Ela quer luz e espaço e em busca desses objetivos, seu corpo se contorce o dia inteiro.O girassol aprendeu a viver com o sole por isso é forte.
Já o miosótis é plantinha linda, mas que exige muito mais cuidado.Gosta mais de estufa.O girassol se vira... e como se vira!O miosótis quando se vira, vira errado. Precisa de atenção redobrada. Há filhos girassóis e filhos miosótis.Os primeiros resistem a qualquer crise:descobrem um jeito de viver bem, sem ajuda.As mães chegam a reclamar da independência desses meninos e meninas, tal a sua capacidade de enfrentar problemas e sair-se bem.
Por outro lado, há filhos e filhas miosótis, que sempre precisam de atenção.Todo cuidado é pouco diante deles.Reagem desmesurada mente, melindram-se,são mais egoístas que os demais, ou às vezes,mais generosos e ao mesmo tempo tímidos,caladões, encurralados.Eles estão sempre precisando de cuidados.
O papel dos Pais é o mesmo do jardineiro que sabe das necessidades de cada flor,incentiva ou poda na hora certa.
De qualquer modo fique atento.
Não abandone demais os seus girassóis porque eles também precisam de carinho...e não proteja demais os seus miosótis.
As rédeas permanecem com vocês... mas também a tesoura e o regador.
Não negue, mas não dêem tudo que querem: a falta e o excesso de cuidados matam a planta.

Autoria de José Fernandes de Oliveira
" Pe. Zezinho


Apenas brincando
 “Quando estou construindo com blocos no quarto de brinquedos,
por favor, não diga que estou apenas brincando,
porque enquanto brinco, estou aprendendo sobre equilíbrio e formas.
Quando estou me fantasiando,
arrumando a mesa e cuidando das bonecas,
por favor, não me deixe ouvir você dizer: ele está apenas brincando,
porque enquanto eu brinco, eu aprendo.
Eu posso ser mãe ou pai algum dia.
Quando estou pintando até os cotovelos,
ou de pé diante do cavalete, ou modelando argila,
por favor, não diga que estou apenas brincando,
porque enquanto eu brinco, eu aprendo.
Estou expressando e criando. Eu posso ser artista ou inventor algum dia.
Quando estou entretido com um quebra-cabeça ou com algum brinquedo na escola,
por favor, não sinta que é um tempo perdido com brincadeiras,
porque enquanto brinco, estou aprendendo.
Estou aprendendo a me concentrar e resolver problemas.
Eu posso estar numa empresa algum dia.
Quando você me vê aprendendo, cozinhando ou experimentando alimentos,
por favor, não pense que porque me divirto, é apenas uma brincadeira.
Eu estou aprendendo a seguir instruções e perceber as diferenças.
Eu posso ser um chefe algum dia.
Quando você me vê aprendendo a pular, saltar, correr e movimentar meu corpo,
por favor, não diga que estou apenas brincando.
Eu estou aprendendo como meu corpo funciona.
Eu posso ser um médico, enfermeiro ou um atleta algum dia.
Quando você me pergunta o que fiz na escola hoje.
E eu digo: eu brinquei.
Por favor, não me entenda mal.
Porque enquanto eu brinco, estou aprendendo.
Estou aprendendo a ter prazer e ser bem sucedido no trabalho.
Eu estou me preparando para o amanhã.
Hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar.”


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Planejamento de Educação Infantil

Segue abaixo um modelo de planejamento de Ed. Infantil baseado no Referêncial Curricular Nacional para a Educação Infantil entorno dos 7 eixos:

INFANTIL I
IDENTIDADE E AUTONOMIA
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·       Brincar;
·       Experimentar e utilizar os recursos de que dispõem para a satisfação de suas necessidades essenciais, expressando seus desejos, sentimentos, vontades e desagrados, e agindo com progressiva autonomia;
·       Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, conhecendo progressivamente seus limites, sua unidade e as sensações que ele produz;
·       Relacionar-se progressivamente com mais crianças, com seus professores e com demais profissionais da instituição, demonstrando suas necessidades e interesses.
ACOLHIMENTO:
·       Estabelecer vínculos de afetividade, de confiança e de segurança;
·        Criar ambiente que atenda a segurança física e emocional da criança;
·       Planejar situações que ofereçam à criança, o aconchego, a atenção e os estímulos necessários para o seu pleno desenvolvimento;
·       Estabelecer vínculos entre a família e a escola, priorizando as necessidades das crianças.
CONTEÚDOS
Conteúdos Procedimentais
·       Participação em brincadeiras de “esconder e achar” e em brincadeiras de imitação.
·       Escolha de brinquedos, objetos e espaços para brincar.
·        Higiene das mãos e dos dentes com ajuda.
·       Expressão e manifestação de desconforto relativo à presença de urina e fezes nas fraldas.
·        Interesse em experimentar novos alimentos e comer com ajuda.
Conteúdos Atitudinais
·       Comunicação e expressão de seus desejos, desagrados, necessidades, preferências e vontades em brincadeiras e nas atividades cotidianas.
·       Identificação progressiva de algumas singularidades próprias e das pessoas com as quais convive no seu cotidiano em situações de interação.
·       Interesse pelas brincadeiras e pela exploração de diferentes brinquedos.

MOVIMENTO
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·       Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo;
·       Explorar as possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressar-se nas brincadeiras e nas demais situações de interação;
·       Deslocar-se com destreza progressiva no espaço ao engatinhar, andar, correr, pular etc., desenvolvendo atitude de confiança nas próprias capacidades motoras;
·       Explorar e utilizar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc., para o uso de objetos diversos.
CONTEÚDOS
Conteúdos Procedimentais
EXPRESSIVIDADE
·       Reconhecimento progressivo de segmentos e elementos do próprio corpo por meio da exploração, das brincadeiras, do uso do espelho e da interação com os outros.
EQUILÍBRIO E COORDENAÇÃO
·       Exploração de diferentes posturas corporais, como sentar se em diferentes inclinações, deitar-se em diferentes posições, erguer-se com ou sem apoio, manter-se de pé com ou sem apoio, dar passos com ou sem apoio etc.
·       Ampliação progressiva da destreza para deslocar-se no espaço por meio da possibilidade constante de arrastar-se, engatinhar, rolar, andar etc.
Conteúdo Atitudinal
EXPRESSIVIDADE
·       Expressão de sensações e ritmos corporais por meio de gestos, posturas e da linguagem oral.

LINGUAGEM ORAL E ESCRITA
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·       Participar de variadas situações de comunicação, para interagir e expressar desejos, necessidades e sentimentos.
CONTEÚDOS
Conteúdos Procedimentais
FALAR E ESCUTAR
·       Uso da linguagem oral para comunicar-se nas diversas situações de interação presentes no cotidiano.
PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA
·       Participação em situações de leitura com o reconhecimento de imagens do cotidiano (pasta de gravuras).
·        Participação em situações de leitura, feita por adultos, por  meio de livros com dobraduras e pequenas histórias.

MATEMÁTICA
OBJETIVO ESPECÍFICO
·       Estabelecer aproximações a algumas noções matemáticas presentes no seu cotidiano, como contagem, relações espaciais etc.
CONTEÙDOS
Conteúdo Procedimental
ESPAÇO E FORMA
·       Manipulação e exploração de objetos e brinquedos, para descoberta de características, propriedades e suas possibilidades associativas: empilhar, rolar, encaixar etc.

NATUREZA E SOCIEDADE
OBJETIVO ESPECÍFICO
·       Explorar o ambiente, estabelecendo contato com pessoas, animais, plantas e objetos diversos, manifestando curiosidade e interesse.
CONTEÚDOS
Conteúdos Procedimentais
ORGANIZAÇÃO DOS GRUPOS E SEU MODO DE SER, VIVER E TRABALHAR
·       Participação em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outros grupos.
OBJETOS E PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO
·       Exploração de diferentes objetos, de suas propriedades e de relações simples de causa e efeito.
OS SERES VIVOS
·       Conhecimento do próprio corpo por meio do uso e da exploração de suas habilidades físicas, motoras e perceptivas.
·       Contato com pequenos animais e plantas.

MÚSICA
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·       Ouvir, perceber e discriminar sons diversos, fontes sonoras e produções musicais;
·       Brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir sons.
CONTEÙDOS
Conteúdos Procedimentais
O FAZER MUSICAL
·       Exploração, expressão e produção do silêncio e de sons com a voz, o corpo, o entorno e materiais sonoros diversos.
·       Participação em brincadeiras e jogos cantados e rítmicos.
APRECIAÇÃO MUSICAL
·       Escuta de obras musicais variadas.
·       Participação em situações que integrem músicas, canções e movimentos corporais.

ARTES VISUAIS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·       Ampliar o conhecimento de mundo que possuem, manipulando diferentes objetos e materiais, explorando suas características, propriedades e possibilidades de manuseio e entrando em contato com formas diversas de expressão artística;
·       Utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferentes superfícies para ampliar suas possibilidades de expressão e comunicação.
CONTEÙDOS
Conteúdos Procedimentais
O FAZER ARTÍSTICO
·       Exploração e manipulação de materiais como brochas, carimbo, gizão de cera, esponja, rolinho etc.; de meios, como tintas, água, areia, terra, argila, massa de modelar etc.; e de variados suportes gráficos, como jornal, papel, papelão, parede, chão, caixas, madeiras etc.
APRECIAÇÃO
·        Observação e identificação de imagens diversas.

Objetivo da Educação Infantil

OBJETIVOS GERAIS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
·       Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com a confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
·       Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;
·        Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua autoestima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;
·       Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
·       Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
·        Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;
·       Utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas idéias, sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
·       Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade.

Rotina na Educação Infantil

A rotina é um elemento importante da Educação Infantil, por proporcionar à criança sentimentos de estabilidade e segurança. Também proporciona à criança maior facilidade de organização espaço-temporal, e a liberta do sentimento de estresse que uma rotina desestruturada pode causar. A rotina não precisa ser rígida, sem espaço para invenção (por parte dos professores e das crianças). Pelo contrário a rotina pode ser rica, alegre e prazerosa, proporcionado espaço para a construção diária do projeto político-pedagógico da instituição de Educação Infantil. Vale, ainda, lembrar que “a dinâmica de um grupo de crianças é maior que a rotina da creche” (BATISTA, 2001). Isto é, a rotina aqui proposta é apenas uma sugestão, pois a melhor rotina para cada grupo de crianças só pode ser estabelecida pelo seu professor, no contato diário com as crianças.

ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Hora da Roda
Este momento é presente na rotina de diversas instituições de Educação Infantil, e, podemos afirmar, é um dos mais importantes para a organização do trabalho pedagógico e o desenvolvimento das crianças. Na roda, o professor recebe as crianças, proporcionando sensações como acolhimento, segurança e de pertencer àquele grupo, aos pequenos que vão chegando. Para tal, pode utilizar jogos de mímica, músicas e mesmo brincadeiras tradicionais, como “andoleta” e “corre-cotia”, promovendo um verdadeiro “ritual” de chegada. Após a chegada, o educador deve organizar a roda de conversa, onde as crianças podem trocar idéias e falar sobre suas vivências. Aqui cabe ao educador organizar o espaço, para que todos os que desejam possam falar, para que todos estejam sentados de forma que possam verem-se uns aos outros, além de fomentar as conversas, estimulando as crianças a falarem, e promovendo o respeito pela fala de cada um. Através das falas, o professor pode conhecer cada um de seus alunos, e observar quais são os temas e assuntos de interesse destas. Na roda, o educador pode desenvolver atividades que estimulam a construção do conhecimento acerca de diversos códigos e linguagens, como, por exemplo, marcação do dia no calendário, brincadeiras com crachás contendo os nomes das crinças, jogos dos mais diversos tipos (visando apresentá-los às crianças para que, depois, possam brincar sozinhas) e outras. Também na roda deverão ser feitas discussões acerca dos projetos que estão sendo trabalhados pela classe, além de se apresentar às crinças as atividades doa dia, abrindo, também, um espaço para que elas possam participar do planejamento diário. O tempo de duração da roda deve equilibrar as atividades a serem ali desenvolvidas e a capacidade de concentração/interação das crianças neste tipo de atividade.
Hora da Atividade
Neste momento da rotina, o professor organizará atividades onde a criança, através de ações (mentais e concretas) poderá construir conhecimentos de diferentes naturezas: Conhecimentos Físicos (cuja fonte é a observação e interação com os mais diversos objetos, explorando as suas propriedades); Conhecimentos Lógico-Matemáticos (resultado de ações mentais e reflexões sobre os objetos, estabelecendo relações entre eles), e Conhecimentos Sociais (de natureza convencional e arbitrária, produzidos pelo homem ao longo da historia – a cultura. Por exemplo, a leitura e a escrita, e conhecimentos relacionados à Geografia, à história e a parte das Ciências Naturais). As atividades que proporcionam a construção destes tipos de conhecimentos podem estar ligadas aos temas dos projetos desenvolvidos pela classe, ou podem ser resultado do planejamento do professor, criando uma seqüência de atividades significativas. A organização da sala de aula , para o desenvolvimento de tais atividades, deve proporcionar às crianças a possibilidade de trocarem informações umas com as outras, e de se movimentarem, e de atuarem com autonomia. Assim sendo, é importante que a disposição dos móveis e objetos na sala torne possível: que as crianças sentem em grupos, ou próximas umas das outras; que haja espaço para circulação na sala de aula e que os materiais que as crinças necessitarão para desenvolver as atividades estejam ao seu alcance, e com fácil acesso. Estas atividades também podem ser realizadas em espaços fora da sala de aula, como. Por exemplo, se a turma está desenvolvendo um projeto sobre insetos, pode dar uma volta no jardim da escola, à procura de exemplares para o seu “Insetário”. De qualquer modo, é necessário que o professor planeje as atividades oferecidas, que forneça às crianças os materiais necessários para a sua realização e, sobretudo, esteja presente, ouvindo as crianças e auxiliando-as, pois somente assim ele poderá compreender o desenvolvimento das crianças e planejar atividades cada vez mais adequadas às necessidades delas. Para realizar este acompanhamento, o professor pode planejar e oferecer ao grupo atividades diversificadas, em que cada criança escolhe, dentre as várias atividades disponíveis, em qual se engajará primeiro.
Artes Plásticas
O trabalho com artes plásticas na Educação Infantil visa ampliar o repertório de imagens das crianças, estimulando a capacidade destas de realizar a apreciação artística e de leitura dos diversos tipos de artes plásticas (escultura, pintura, instalações). Para tal, o professor pode pesquisar e trazer, para a sala de aula, diversas técnicas e materiais, a fim de que as crianças possam experimentá-las, interagindo com elas a seu modo, e produzindo as suas próprias obras, expressando-se através das artes plásticas. Assim, elas aumentarão suas possibilidades de comunicação e compreensão acerca das artes plásticas. Também poderão conhecer obras e histórias de artistas (dos mais diversos estilos, países e momentos históricos), apreciando-as e emitindo suas idéias sobre estas produções, estimulando o senso estético e crítico.
Hora da História
Podemos dizer que o ato de contar histórias para as crianças está presente em todas as culturas, letradas ou não letradas, desde os primórdios do homem. As crinças adoram ouvi-las, e os adultos podem descobrir o enorme prazer de contá-las. Na Educação Infantil, enquanto a criança ainda não é capaz de ler sozinha, o professor pode ler para ela. Quando já é capaz de ler com autonomia, a criança não perde o interesse de ouvir histórias contadas pelo adulto; mas pode descobrir o prazer de contá-las aos colegas. Enfim, a “Hora da História” é uma momento valioso para a educação integral (de ouvir, de pensar, de sonhar) e para a alfabetização, mostrando a função social da escrita. O professor pode organizar este momento de diversas maneiras: no início ou fim da aula; incrementando com músicas, fantasias, pinturas; organizando uma pequena biblioteca na sala; fazendo empréstimos de livros para que as crianças leiam em casa, enfim, há uma infinidade de possibilidades.
Hora da Brincadeira
Brincar é a linguagem natural da criança, e mais importante delas. Em todas as culturas e momentos históricos as crianças brincam (mesmo contra a vontade dos adultos). Todos os mamíferos, por serem os animais no topo da escala evolutiva, brincam, demonstrando a sua inteligência. Entretanto, há instituições de Educação Infantil onde o brincar é visto como um “mal necessário”, oferecido apenas por que as crianças insistem em fazê-lo, ou utilizado como “tapa-buraco”, para que o professor tenha tempo de descansar ou arrumar a sala de aula. Acreditamos que a brincadeira é uma atividade essencial na Educação Infantil, onde a criança pode expressar suas idéias, sentimentos e conflitos, mostrando ao educador e aos seus colegas como é o seu mundo, o seu dia-a-dia. A brincadeira é, para a criança, a mais valiosa oportunidade de aprender a conviver com pessoas muito diferentes entre si; de compartilhar idéias, regras, objetos e brinquedos, superando progressivamente o seu egocentrismo característico; de solucionar os conflitos que surgem, tornando-se autônoma; de experimentar papéis, desenvolvendo as bases da sua personalidade. Cabe ao professor fomentar as brincadeiras, que podem ser de diversos tipos. Ele pode fornecer espelhos, pinturas de rosto, fantasias, máscaras e sucatas para os brinquedos de faz-de-conta: casinha, médico, escolinha, polícia-e-ladrão, etc. Pode pesquisar, propor e resgatar jogos de regra e jogos tradicionais: queimada, amarelinha, futebol, pique-pega, etc. Pode confeccionar vários brinquedos tradicionais com as crianças, ensinando a reciclar o que seria lixo, e despertando o prazer de confeccionar o próprio brinquedo: bola de meia, peteca, pião, carrinhos, fantoches, bonecas, etc. Pode organizar, na sala de aula, um cantinho dos brinquedos, uma “casinha” além de, é claro, realizar diversas brincadeiras fora da sala de aula. Além disso, as brincadeiras podem despertar projetos: pesquisar brinquedos antigos, fazer uma Olimpíada na escola, ou uma Copa do Mundo, etc.
Hora do Lanche/Higiene
Devemos lembrar que comer não é apenas uma necessidade do organismo, mas também uma necessidade psicológica e social. Na Bíblia, por exemplo, encontramos dezenas de situações em que Jesus compartilhava refeições com seus discípulos, fato que certamente marcou nossa cultura. Em qualquer cultura os adultos (e as crianças) gostam de realizar comemorações e festividades marcadas pela comensalidade (comer junto). Por isso, a hora do lanche na Educação Infantil não deve atender apenas às necessidades nutricionais das crianças, mas também às psicológicas e sociais: de sentir prazer e alegria durante uma refeição; de partilhar e trocar alimentos entre colegas; de aprender a preparar e cuidar do alimento com independência; de adquirir hábitos de higiene que preservam a boa saúde. Por isto, a hora do lanche também deve ser planejada pelo professor. A disposição dos móveis deve facilitar as conversas entre as crinças; devem haver lixeiras e material de limpeza por perto para que as crianças possam participar da higiene do local onde será desfrutado o lanche (antes e depois dele ocorrer); deve haver uma cesta onde as crianças possam depositar o lanche que desejam trocar entre si (estimulando a socialização e, ao mesmo tempo, o cuidado com a higiene). Além disso, é importante que o professor demonstre e proporcione às crianças hábitos saudáveis de higiene antes e depois do lanche (lavar as mãos, escovar os dentes, etc.). O lanche também pode fazer parte dos projetos desenvolvidos pela turma: pesquisar os alimentos ais saudáveis, plantar uma horta, fazer atividades de culinária, produzir um livro de receitas, fazer compras no mercado para adquirir os ingredientes de uma receita, dentre outras, são atividades às quais o professor pode dar uma organização pedagógica que possibilite às crinças participar ativamente, e elaborar diversos projetos junto com a turma.
Atividades Físicas/Parque
Fanny Abramovich lembra-nos, com muito humor, o papel usualmente atribuído ao movimento nas nossas escolas: “Não se concebe que o aluno sequer possua um corpo. Em movimento permanente. Que encontre respostas através de seus deslocamentos. Um corpo que é fonte e ponte de aprendizagens, de reconhecimentos, de constatações, de saber, de prazer. Basicamente, possui cabeça (para entender o que é dito) e mão (para anotar o que é dito). Portanto, pode e deve ficar sentado o tempo todo da aula. Breves estiramentos, andadelas rápidas, podem ser efetuadas nos intervalos. No mais, os braços são úteis para segurar livros/cadernos/papéis e pés e pernas se satisfazem ao ser selecionados para levantar/perfilar/sair. E basta.” (ABRAMOVICH, 1998, p. 53) Na Educação Infantil, o principal objetivo do trabalho com o movimento e expressão corporal é proporcionar à criança o conhecimento do próprio corpo, experimentando as possibilidades que ele oferece (força, flexibilidade, equilíbrio, entre outras). Isto proporcionará a ela integrá-lo e aceitá-lo, construindo uma auto-imagem positiva e confiante. Para isso o professor deve proporcionar atividades, fora e dentro da sala de aula, onde a criança possa se movimentar. Alongamentos, ioga, circuitos, brincadeiras livres, jogos de regras, tomar banho de mangueira, subir em árvores... são diversas as possibilidades. O professor deve organizá-las e planejá-las, mas sempre com um espaço para a invenção e colaboração da criança. O momento do parque também assume uma conotação diferente. Não é apenas um intervalo para descanso das crianças e dos professores. É mais um momento de desafio, afinal, há aparelhos, árvores, areia, baldinhos e pás, pneus, cordas, bolas, bambolês e tantas brincadeiras que esses materiais oferecem. O professor deve estar próximo, auxiliando e estimulando a criança a desenvolver a sua motricidade e socialização, ajudando, também, a resolver os conflitos que surgem nas brincadeiras quando, porventura, as crianças não forem capazes de solucioná-los sozinhas.
Atividades Extra-Classe
(Interação com a comunidade)
A sala de aula e o espaço físico da escola não são os únicos espaços pedagógicos possíveis na Educação Infantil. Em princípio, qualquer espaço pode tornar-se pedagógico, dependendo do uso que fazemos dele. Praças, parques, museus, exposições, feiras, cinemas, teatros, supermercados, exposições, galerias, zoológicos, jardins botânicos, reservas ecológicas, ateliês, fábricas e tantos outros. O professor deve estar atento à vida da comunidade e da cidade onde atua, buscando oportunidades interessantes, que se relacionem aos projetos desenvolvidos na classe, ou que possam ser o início de novos projetos. Isto certamente enriquecerá e ampliará o projeto político-pedagógico da instituição, que não precisa ser confinando à área da escola. Podem haver até mesmo intercâmbios com outras instituições educacionais.
Obs.: Quadro baseado em DEVIRES e ZAN (1998). Utilizamos algumas terminologias das autoras, acrescentando elementos da nossa própria prática pedagógica.