" Mas na profissão, além de amar tem que saber. E o saber leva tempo para crescer."
Rubem Alves

domingo, 12 de junho de 2011

Carta prô Sant'Antônho
Jorge Linhaça

Meu amigo Sant'Antonho
é tanta muié desgarrada
que onde meu'zóio eu ponho
vej'a fila das encaiada

Ocê qui é casementêro
Vê se óia pelas pobre
Sejum simpres sejum nobre
O povo tá num festêro
e ôce aí facêro
Veja s'um jeito adescobre

É tanta moça prendada
precisanu cumpanhia
Qui si ocê num faz nada
vai fica tudo pra tia

Eu sei que é compricado
tanta muié agradá
querendo ir pru artá
Mas si ocê ficá parado
ansim olhando di lado
Cumé qu'élas vão ficá?

Sant'Antonho tenha dó
e de lá uma forcinha
prá livrá do caritó
as mais véia e as novinha

U dia dus namorado
é um dia antes du teu
mas mesmo qui atrazado
atende o pedido meu

Junta as tampa e as panela
os dois lado da laranja
Abre as porta e as janela
qui us resto si arranja

Eu aqui tô sossegado
Já cacei minha rulinha
Se dá certo ou dá erradu
Nem ocê num adivinha

Mas aproveita as fuguera
pr'isquentá us coração
I dexa as muié faceira
cada quár cum seu peão.

Vô incerranu esta prosa
que fica entre eu e tu
I vô levá uma rosa
pra frô du mandacarú.

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